A temporada passada apesar da conquista do Mundial gerou uma enorme frustração na torcida rubro-negra pela expectativa criada em cima de um elenco que contava com dois jogadores estrangeiros que fizeram a diferença na Argentina. O resultado na maioria das competições foi um desastre. Tentando reparar e recolocar o Flamengo nos trilhos novamente, o clube fez a maior reformulação do seu elenco desde que Gustavo De Conti assumiu o comando do time na temporada 2018/2019.
São 6 novidades e 4 renovações de contrato já oficializadas pelo clube até o momento. O Garrafão Rubro-Negro começa a analisar hoje o potencial desse novo elenco no papel, que não tem muita “grife” que acaba por chamar mais a atenção, mas que tem mais jogadores copeiros que podem trabalhar mais integrados e focados pelo objetivo final.
A armação argentina com José Vildoza e Penka Aguirre será o grande termômetro do Flamengo no aspecto positivo ou negativo em quadra
O Flamengo com a saída de Franco Balbi e Yago optou por reunir uma dupla que fez história atuando juntos na equipe do San Lorenzo, da Argentina, por algumas temporadas. A mais recente de José Vildoza e Penka Aguirre atuando juntos na Argentina foi na temporada 2020/2021. Se conseguirem repetir o bom desempenho que tiveram nesse período em solo argentino, mas agora em território brasileiro, podemos dizer que o Flamengo terá feito uma excelente reposição na posição de armadores.

José Vildoza se tornou um nome constante nas convocações da seleção argentina desde o término da Olimpiada de 2016 e se mostrou desde os 23 anos ter uma personalidade de finalização muito grande para elevar o patamar do San Lorenzo em disputas nacionais e internacionais importantes. A se destacar o rendimento decisivo de Vildoza na final da Liga das Américas em 2019 contra o Guaros de Lara com a cesta do título da equipe argentina
Penka Aguirre também fez história no San Lorenzo muito pela sua leitura eficiente de jogo. Sempre conseguiu ter uma ótima média de assistências na Liga Argentina e na temporada passada acabou como líder desse fundamento na competição local. Penka Aguirre também tem seu nome lembrado em algumas convocações da seleção.
Vildoza com seu poder e frieza de definição das jogadas e Penka Aguirre com sua leitura de jogo pode ser combinação que dê certo, caberá ao treinador Gustavo De Conti saber potencializar essas virtudes nos treinamentos e jogos.
Gui Deodato e Martin Cuello – o trabalho de formiguinha na construção tática desse novo time rubro-negro
Gui Deodato e o argentino Martin Cuello tiveram boa regularidade técnica e tática em quadra nas últimas temporadas no Brasil e na Argentina respectivamente. E confiando fielmente no que eles podem entregar tanto no aspecto ofensivo e defensivo que o Flamengo optou por ter eles no seu novo elenco. Os dois com um bom aproveitamento nos arremessos de três e nas infiltrações.

E vale ressaltar o bom trabalho de leitura e recomposição defensiva que esses dois possuem e isso pode ser muito bom na estrutura tática desse novo Flamengo, a forma que o time pode evoluir defensivamente comparado as oscilações que o time sofreu em jogos de maior peso na temporada passada.
Essa cooperação dos dois de valorizar muito mais o coletivo em quadra, pode ser fundamental na construção de uma identidade de uma equipe bem competitiva do Flamengo em quadra.
Gabriel Jaú – o reforço não tão conhecido e que pode ser a grata e boa surpresa dos novatos
Quando foi se perguntado nas redes sociais do Garrafão Rubro-Negro qual reforço que o torcedor do Flamengo tinha a expectativa de ver em quadra. Gabriel Jaú ficou entre os últimos e a maioria da torcida escolhendo nomes mais conhecidos nacionais que vieram como Gui Deodato e Rafael Hettsheimeir e os próprios argentinos. Gabriel Jaú fez um ótimo NBB com a camisa do Bauru na temporada passada ficou entre os 5 jogadores com a melhor média de pontos na competição.
E terá uma grande oportunidade na sua ainda jovem carreira de evoluir ainda mais com essa nova experiencia fora de São Paulo. Caso consiga melhorar ainda mais seu aproveitamento nos três pontos e reduzir a sua ansiedade, afobação na leitura defensiva das jogadas, Jaú pode se consolidar com um dos jogadores mais completos dessa nova geração e ser de fato um dos grandes nomes do Flamengo nessa temporada.
Rafael Hettsheimeir – o ótimo retrospecto com a camisa do Flamengo pesa a seu favor no seu retorno
Acreditar no que deu certo. Esse é uma das virtudes que fizeram o Flamengo investir e trazer de volta o pivô Rafael Hettsheimeir para o seu elenco nessa nova temporada. Hettsheimeir foi um dos protagonistas daquele elenco que ganhou tudo que disputou na temporada 2020/2021 e teve o seu auge como MVP da Champions League Américas conquistada pelo rubro-negro.
Fato que Rafael Hettsheimeir teve uma temporada passada boa pelo Bauru, mas a sua situação médica que acabaria o deixando de fora de todo playoffs pela equipe bauruense acaba por acender um alerta ao torcedor rubro-negro sobre qual pivô e em quais condições ele poderá se apresentar com a camisa do Flamengo desde o começo da temporada.
Bem fisicamente e completamente sem dores, Hettsheimeir ainda é um dos jogadores mais decisivos do basquete brasileiro e das Américas e tem o potencial novamente de ser um dos protagonistas do Flamengo em quadra. Fica a expectativa de como será o segundo volume dessa história do pivô na Gávea.

Os remanescentes com a confiança em alta do técnico Gustavo De Conti
Jogadores de grupo e que sabem exercer um bom papel tático e técnico quando deles exigidos em quadra. Essas foram algumas das virtudes que levaram a renovação do Flamengo com Olivinha, Rafael Mineiro, Rafael Rachel e Vitor Faverani. E não dá pra se esconder que a experiencia de alguns deles acaba sendo importante dentro de um novo elenco completamente modificado.
Rafael Mineiro se consolida a cada temporada como um dos grandes defensores do basquete nacional e será novamente peça importante nessa engrenagem desse novo elenco. Olivinha já demonstrou que também ainda tem lenha para queimar e pode ser importante ofensivamente e no volume de rebotes em quadra. Já Rafael Rachel e Vitor Faverani resta aguardar o quanto podem evoluir ainda mais em quadra com o manto no decorrer da temporada.

Favoritismo e individualismo grande em Franca e o Flamengo com a necessidade do contraponto
Quando fazemos um comparativo rápido entre os elencos de Franca e do Flamengo tentando achar jogadores que possam ter uma regularidade e eficiência grande de marcar mais de 25 pontos por partida. Acabamos por achar que Franca tem esse poder de definição individual maior que o rubro-negro e aí que nasce o maior desafio do Flamengo nessa nova temporada – saber criar esse contraponto através da construção de um time muito coletivo em quadra.
Se o mercado e o limite orçamentário não criaram condições de ter um elenco espelhado com Franca, a solução foi buscar ter mais jogadores com potencial técnico e tático e que juntos com o decorrer da temporada podem nivelar a força com Franca, atual campeão e que no papel sai na frente de todos os times no Brasil ainda mais pela manutenção total do seu quinteto titular.
E um dos pilares do desafio desse novo Flamengo é saber construir a confiança e a eficiência dos jogadores que virão do seu banco de reservas nos jogos nessa temporada seja pelo NBB e pela Champions League Américas. Caso consiga ter esse êxito, o Flamengo passará sim a ter uma chance maior de ser competitivo e se firmar como um dos favoritos ao título tanto do NBB e da Champions League Américas.
Coletividade seguida a risca, essa tem que ser a tônica desse novo Flamengo.
Nível técnico baixo do NBB e a frustração nas tentativas de nomes brasileiros no mercado exterior
Toda janela de transferência de jogadores sempre os torcedores que acompanham o orgulho da nação ficam na expectativa se algum jogador brasileiro que está no exterior poderá retornar para o Brasil e defender o Flamengo. E muita das vezes a resposta e a expectativa recebem um balde de água fria.
Ter a confiança e um otimismo de ter em algum momento nomes como Bruno Caboclo e Vitor Benite são retratos de dirigentes que pensam grande ainda mais sabendo da responsabilidade e do peso dos clubes na qual dirigem. Mas sonhar com esses nomes, muita das vezes, se esbarra numa questão que coloca tudo à perder. Qual é o nível técnico interno da competição nacional que eu participo? Como esse jogador pode se sentir motivado a jogar um torneio que na qual o seu time só irá passear e ele ser colocado a prova tecnicamente em poucos jogos?
A realidade técnica do nível dos jogos do NBB nas últimas temporadas precisa ser colocado as claras e pararmos de viver num mundo da Disney, ou da fantasia, de querer sempre vender aquela imagem corporativista que não favorece o basquete brasileiro que tudo aqui é maravilhoso e só está evoluindo. Quando não está. O nível técnico dos jogos tem caído ano após anos, a arbitragem então nem se fala.
Claro que existem alguns casos que por ter uma excelente proposta financeira e não ter boas opções no mercado europeu, o jogador possa se sentir seduzido ao desafio de voltar ao Brasil por uma temporada. Já tivemos isso em temporadas recentes em outros clubes, mas é fato raro. Jogador brasileiro quando sai do Brasil gosta de ser colocado a prova, busca até outros centros como a Romênia, Israel e a Alemanha e nem muito mais a Espanha ultimamente. Tudo em virtude de buscar competições que possam agregar qualidade técnica ao seu jogo.
A base brasileira vem sendo colocada à prova nesse atual momento dentro do NBB e colocada numa fogueira na maioria dos times. Nível técnico da competição é baixo, fraco, os jogadores ainda precisando de tempo pra amadurecer o seu jogo, mas pelo grau de cobrança de suas equipes e patrocinadores acaba pulando etapas e não tendo aquela lapidação que seria ideal. E quem sofre no final das contas? O clube atual desse jogador e no futuro é o clube com maior investimento como o Flamengo que não olha mais esse jogador no mercado por analisar que o jogador tenha falhas técnicas que possam não ser corrigidas a curto prazo numa rotina de treinamentos.
E fica a pergunta quando os clubes brasileiros, CBB, LNB, FIBA Américas e Federações irão ter de fato uma atenção maior ao seu produto final a ponto de fazer ser atrativo para mais jogadores brasileiros voltarem mais vezes para cá? Vender essa imagem de tudo maravilhoso não acaba sendo nocivo pra evolução da modalidade da bola laranja a médio e curto prazo dentro do Brasil?
O novo elenco do Flamengo se apresenta para os primeiros exames médicos e físicos na próxima segunda-feira, dia 15, e novamente terá o potencial de ser competitivo em quadra e saberá que precisará de mais tempo de treinamentos e jogos para calejar e construir essa identidade vitoriosa que o torcedor rubro-negro ficou acostumado a ver.
Elenco do Flamengo até o presente momento
Armadores – José Vildoza e Penka Aguirre
Ala-armadores – Martin Cuello e ?
Alas – Gui Deodato e Gabriel Jaú
Alas-pivôs – Olivinha e Rafael Rachel
Pivôs – Rafael Hettsheimeir, Rafael Mineiro e Vitor Faverani
Técnico – Gustavo De Conti
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