A expectativa por parte do torcedor e do próprio time era alta em relação a disputa da Copa Super 8, mas o sonho do tricampeonato acabou ficando para a próxima temporada. O Garrafão Rubro-Negro conversou com exclusividade com o técnico Gustavo De Conti com o objetivo de argumentar alguns aspectos do sistema de jogo do Flamengo nesse atual momento da temporada e a expectativa que ele tem para a disputa do Mundial no Egito, na segunda semana de fevereiro.
Entrevista – Gustavo De Conti
1 – Já passamos da metade da temporada, o Flamengo está em segundo lugar no NBB, invicto na Champions League Américas e pela primeira vez não chegou a final da Copa Super 8. Qual a avaliação que você faz do momento técnico, tático e da equipe nesse momento? Poderíamos dizer que o condicionamento físico do time está no mesmo padrão que o mesmo período de anos anteriores?
“Sem dúvida alguma, o condicionamento físico é um dos nossos pontos altos. Fazemos um grande trabalho integrado entre fisioterapia, médicos, preparação física e quadra. Temos um índice de lesões quase zero, os jogadores não ficam fora de jogos e nem de treinos. Quanto a parte técnica e tática, vejo muita evolução da equipe no último mês. Acho que ainda podemos mais, porém estamos em plena evolução.”
2- Jornalistas argentinos e até a mídia especializada aqui no Brasil tinham a expectativa muito grande sobre o impacto ofensivo(pontos) que poderiam causar a dupla formada por Dar Tucker e Brandon Robinson. Mas até agora vimos poucas escalações titulares com os dois começando os jogos. É possível que com a sequência da temporada possamos ver essa dupla junta em quadra com mais minutos nos jogos? O sistema atual de jogo da equipe permite que os dois atuem juntos?
“Temos um sistema de jogo que nos permite qualquer coisa: atuar com 5 grandes, 5 pequenos, atuar de maneira mais tradicional. Talvez Brandon e Dar não tenham iniciado muitos jogos juntos, porém já jogaram muitos e muitos minutos juntos. Eles cumprem funções diferentes na equipe, têm características diferentes, mas apesar disso, são muito versáteis e podem contribuir em diversos aspectos. Para os que dizem que eles têm baixo volume de jogo, estão completamente enganados. Observe as médias do Brandon na Liga Argentina ano passado (21’ / 12.2pts / 2.4 ass / 2.9 reb / 9.7 arremessos por jogo) e esse ano no Flamengo (25’ / 15.1pts / 3.2 ass / 4.8 reb / 11.6 arremessos por jogo). Observe o Dar na Argentina (22’ / 12.9pts / 1.3 ass / 4.0 reb / 8.8 arremessos por jogo) e esse ano no Flamengo (19,5’ / 9.8pts / 1.0 ass / 4.0 reb / 7.8 arremessos por jogo). Se incluirmos os jogos do Super 8, essas médias de volume de jogo sobem mais ainda. Precisamos ter cuidado ao analisarmos. E, principalmente, analisar corretamente.”
3- Nessa temporada podemos ver a adaptação do Rafael Mineiro atuando na posição de ala e em certos momentos flutuando em quadra na posição de ala-pivo e pivô. Como tu avalia a adaptação do Mineiro nessa posição em quadra? A mudança dele de posição foi com o objetivo de buscar um equilíbrio defensivo maior ao time?
“Mineiro é um jogador muito importante e muito versátil. Ele se adapta fácil a qualquer função, pois é muito inteligente, além de ter um ótimo físico para o basquete. Ele sabe mostrar o que faz bem e esconde o que não faz tão bem. Está crescendo a cada temporada e, nessa temporada específica, está crescendo e ajudando a liderar a equipe em quadra.”
4- Até o momento nessa temporada podemos perceber uma queda de produção nos pivôs no que se refere as jogadas no garrafão – principalmente nas derrotas que o time teve – comparado a temporada anteriores. Esse rendimento dos pivôs nas jogadas no garrafão está dentro da sua expectativa?
“Eu, respeitosamente, discordo de você. Na temporada passada, praticamente não tínhamos jogadas dentro do garrafão com os pivôs e eles praticamente só arremessavam de 3pts ou jogavam na sobra no ataque, juntando os rebotes ofensivos e aproveitando os cortes sem a bola. Nessa temporada, agregamos dois excelentes pivôs, Batista e Faverani, e eles estão com aproveitamento altíssimo jogando ali (Batista 74%, Faverani 69%). Além disso, ainda temos o Olívia com 60% e o Mineiro com 62%. Temos que ter cuidado ao analisar, olhar os números, para não cometer erros e injustiças.”
5- Os bons momentos do time nessa temporada foram os jogos que o time atuou de forma muito bem coletiva e que obteve mais de 18 assistências em quadra. Nas derrotas que o time teve e até na vitória contra o Paulistano pela Copa Super 8, o Flamengo teve o recorde de menor número de assistências sobre seu comando no clube – 9 assistências. Uma análise mais ampla do rendimento da equipe, você diria que o elenco atual precisará ser muito mais coletivo para buscar os objetivos traçados comparado ao elenco da temporada passada?
“Nossa equipe sempre foi muito coletiva em todas as temporadas que estou aqui. Não abro mão disso. Analisar as assistências de maneira isolada nas derrotas não me parece o melhor caminho, já que, se você pontua menos, suas assistências tendem a diminuir. Analisar como arremessamos as bolas nas derrotas é o caminho e percebemos que não ficamos no 1×1, e sim, tivemos muitos passes para os arremessos, e não tivemos bons aproveitamentos. E se a bola não cai, não é computada assistência, mas o passe aconteceu. Estamos mais uma vez, liderando a estatística de assistências nesta temporada com 20.8 por jogo, quase igual aos 20.7 da vitoriosa temporada passada, quando também fomos os líderes em assistências.”
6- Para finalizar e fazer uma projeção da sequência da temporada. Qual é a expectativa para a sequência da Champions League Américas? E falando do Mundial, você diria que quem é o time favorito à conquista? E o quanto a má fase técnica e coletiva do San Pablo Burgos pode ser traiçoeira para o Flamengo se chegar a pensar que o Mundial pode ser mais fácil no Egito?
“A expectativa para a sequência da temporada é sempre a melhor possível. Estamos treinando muito, comprometidos com as vitórias e com os títulos e vamos em busca deles com todas as nossas forças. Quanto ao Mundial, acredito que o Burgos tenha certo favoritismo. As equipes europeias jogam em outro ritmo, um nível acima dos demais, porém isso não é um obstáculo intransponível. Em um Mundial não há favoritos disparados, ninguém está ali porque recebeu um presente. Todos têm seus méritos e conquistaram coisas importantes para poderem estar ali, então devem ser respeitados e considerados com chances de título. Vamos brigar muito, estamos de volta depois de alguns anos, e vamos deixar nossa alma na quadra para conquistar mais esse título para o Flamengo.”
Próximo jogo do Flamengo
Amanhã – Champions League Américas
Flamengo x Universidad Concepcion, às 19 horas, na La Bombonerita, casa do Boca Juniors, em Buenos Aires. Transmissão ao vivo da ESPN 3.
O Garrafão Rubro-negro precisa da sua assinatura para continuarmos a nossa cobertura do orgulho da nação. Faça sua assinatura a partir de 10 reais por mês. Conteúdos exclusivos e sorteio de camisas oficiais, casuais e par de ingressos durante a temporada.
Apoia-se – apoia.se/garrafaorn
Pic Pay – @GarrafaoRN
Oi Eneas, td bem? então, um ponto que não foi abordado na entrevista com o Gustavinho e que tem me chamado muito atenção nesse ano; o grande número de turnovers (erros) cometidos pelo Fla-basquete e segundo, ano passado o nosso domínio em rebotes por jogo era muito maior que desse ano e sabemos que isso faz uma diferença grande numa partida. Abraço
CurtirCurtir