Se passou uma semana da final da Champions League Américas no Uruguai e o Flamengo já está focado para a disputa do NBB na próxima semana. O Garrafão Rubro-Negro fez uma entrevista exclusiva com o técnico Gustavo De Conti que fez um balanço do que a conclusão da Champions League no Uruguai e projetou a sequencia da temporada do Flamengo com a disputa do NBB e a segunda edição da BCLA.
Gustavo De Conti – treinador
Primeiramente, Gustavo após alguns dias passados da final da Champions e com a cabeça mais fria, não tirando claro o mérito do Quimsa, mas quais falhas você consegue enxergar do Flamengo na decisão? Desde que você chegou ao clube foi a sua pior derrota no aspecto defensivo em jogo decisivo, você diria que a falta de uma intensidade defensiva minou o controle e um resultado positivo do Flamengo?
“Não jogamos nem próximo do que estávamos treinando e realizando nos amistosos antes da final da BCLA. Não conseguimos fazer nem 50% do que havíamos treinado ofensivamente e, principalmente, defensivamente. Faltou intensidade, concentração, equilibrio, leitura do que o jogo oferecia, etc. Deixamos o Quimsa ganhar moral com bolas fáceis no início do jogo e depois foi difícil pará-los.”
No Brasil chegou à informação que tanto o Léo Demétrio e o Rafael Hettsheimeir sentiram um desconforto muscular no treino de quinta-feira no Uruguai. Isso de fato procede? Se de fato essas lesões ocorreram, você pela experiência que tem acha que podem ser normais em razão da carga de treinamento que é imposta no começo da temporada? E quanto você qualifica a impossibilidade de não ter contado com o Léo Demétrio em boa parte da final, ele que foi tão importante na campanha da equipe rubro-negra na competição?
“Realmente, eles sentiram lesões no treino da véspera em Montevidéu. Leo sentiu o adutor e Hettsheimeir, o músculo próximo à panturrilha. É claro que isso atrapalhou bastante, pois são dois jogadores super importantes e decisivos na nossa rotação, e não estavam nem um pouco perto dos 100%. Tivemos que dosar o tempo de jogo dó Hettsheimeir e o Leo não conseguiu jogar, pois ele depende muito da parte física. Perdemos força e opções táticas com essa indisponibilidade total deles, mas isso não foi determinante para o resultado final.”
Brasil e Argentina no basquete ainda mais se tratando de seleções e clubes nos últimos anos, estamos vendo um domínio argentino nos resultados. Além da disciplina tática que eles seguem à risca, muitos destacam o aspecto mental e psicológico dos times argentinos em nunca desistirem de buscar o resultado. Você diria que o basquete brasileiro precisa melhorar esse aspecto psicológico quando tiver novos encontros com equipes argentinas em competições internacionais?
“É claro que temos que melhorar em todos os aspectos. Esse domínio é relativo pois estamos dividindo as finais. Além disso, antes desses três anos, o Brasil dominou quatro ou cinco anos consecutivos. Os maiores destaques do Quimsa foram jogadores estrangeiros (3 americanos e 1 panamenho). Não se trata de nacionalidade, na minha opinião, trata-se de chegar bem no momento decisivo e melhorar o rendimento. Essa final, em especial, teve os fatores pandemia, mudança no regulamento, mudança de elenco, enfim, estávamos invictos e não conseguimos fazer um bom trabalho nesse jogo decisivo. Voltaremos ainda mais fortes e motivados na próxima temporada.”
Após a derrota na final, um assunto ficou evidente em todas as redes sociais. A não utilização do Douglas Kurtz. Como tu explica a ausência desse jogador em algum momento da final? Seria totalmente equivocado pensar que o Douglas estaria mais adaptado ao sistema de jogo de uma equipe como o San Lorenzo que tinha um pivô mais pesado como o Jeff Adrien do que os pivôs do Quimsa?
“O Douglas foi contratado exclusivamente para jogar apenas se tivéssemos várias lesões incapacitantes dos nossos pivôs ou casos de COVID na equipe. Inscrevemos o Douglas e vários Juvenis, e ainda deixamos o Panchi Barrera inscrito também, que já estava no Uruguai, mas somente em caso de emergência por conta da pandemia. Foi um planejamento muito bem feito por parte da diretoria nesse sentido, tentando cercar de todos os lados as necessidades do Flamengo por conta da pandemia. O Douglas fez três treinos com o time. Estava muito abaixo da equipe física, técnica e taticamente.”
Em 2018, no seu primeiro ano no clube, você foi criticado pela torcida pela derrota pro Instituto em casa por 91 a 84, na HSBC Arena. E no NBB e no Super 8, você e o elenco se fecharam, mudaram aspectos do sistema de jogo e o time ganhou confiança pra buscar o título do NBB. Dois anos depois, tem uma nova derrota dura para uma equipe argentina na Champions e parte da torcida voltando mostrar desconfiança do potencial do elenco. A pergunta que te faço é, será possível fazer um paralelo desses dois jogos? E podemos afirmar que assim com 2018, essa derrota da Champions poderá tirar muitos aprendizados para a sequência da temporada?
“Vejo muitas diferenças entre as duas derrotas. Em 2018, eu tinha três meses de Flamengo e a equipe era 75% nova no clube. Esse ano sofremos muito com a falta de ritmo e os 7 meses sem treinar e jogar. É claro que uma derrota dessas serve para avaliar, aprender e, principalmente, seguir em frente. Não podemos esquecer que, apesar da derrota, não estávamos brigando para fugir do rebaixamento ou por um título regional, mas, sim, brigando pelo topo da América, o título mais importante do continente. E vamos em busca dele novamente ainda nessa mesma temporada.”
Agora o foco é o NBB em breve e com a estreia no Maracanãzinho. Que aspectos você analisa que precisará trabalhar com o elenco nesse começo de competição? O lado médico e físico é algo que te preocupam nesse primeiro momento?
“Os lados médico e físico preocupam demais. É uma temporada completamente atípica e vamos precisar mais do que nunca nos cuidar nessas duas partes, além de termos que contar com um elenco longo e com a qualidade dos meninos das categorias de base. Estamos incluindo os jovens aos poucos, mas com certeza vamos ver muitas caras novas da base com a camisa do Flamengo nessa temporada.”
E para encerrar na temporada passada, você teve uma virtude como técnico competitivo que é de rever a montagem do elenco durante a temporada e buscar oportunidades que possam aparecer no mercado para fortalecer o plantel. Exemplo a saída do Leron Black e a chegada do Panchi Barrera naquele ano. E falando dessa temporada, você diria que o elenco está fechado ou o mercado pode apresentar alguma oportunidade que possa te fazer mudar o pensamento novamente?
“Não acredito que vamos precisar de mais jogadores, mesmo porque temos que respeitar o orçamento do FlaBasquete e ter responsabilidade com isso. Como eu disse anteriormente, temos muitos meninos de qualidade nas categorias de base e eu confio muito que eles podem nos ajudar nessa dura temporada que vamos ter pela frente.”
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