Um dos campeonatos estaduais mais interessantes do Brasil entre a década de 90 e os anos 2000 vive uma realidade que acaba por entristecer os amantes da bola laranja. O Estadual do Rio de Janeiro que já contou com grandes nomes em quadra como Oscar, Pipoka, Marcelinho, Askia Jones, entre outros, e já teve a participação de equipes tradicionais como Municipal, Tijuca, Riachuelo – hoje o panorama é uma competição reduzida a 3 ou 4 equipes, contando ainda com grandes jogadores, mas não chega a nem perto o grau de competitividade condizente com sua antiga história.
O blog Garrafão Rubro-Negro abre uma reflexão com todos os fãs de basquete que vivem a realidade da competição do Rio de Janeiro
A edição do Estadual 2019
A participação de somente 3 equipes
Com a desistência do Vasco da Gama em ter uma equipe adulta nessa temporada, a competição que já tinha o número de participantes reduzidos ficou ainda menor. Botafogo, Flamengo e Niterói foram as equipes participantes numa competição que no papel serviu apenas como pré-temporada para os times que irão jogar o NBB e na parte técnica apresentou bons jogos nos duelos entre o time rubro-negro e alvinegro.
E isso para ajudar o processo de massificação da modalidade no esporte é muito pouco. Quantos jovens jogadores foram revelados nessa edição do Estadual encerrado recentemente? Quais foram os ginásios utilizados no torneio? Quantos empregos diretos e indiretos a competição gerou com a realização dos jogos? Qual foi a média de público nos jogos dessa temporada?
Várias perguntas poderiam ser feitas e as respostas podem ser as mais diversas pelas pessoas envolvidas diretamente na competição.
A se ressaltar o esforço feito pelo Niterói Basquete de tentar mobilizar uma cidade em torno do basquete pelo segundo ano consecutivo. Num Estado que as iniciativas esportivas são cada vez mais raras, essa merece um destaque positivo.
O Estadual mostra a grande necessidade de se reinventar como um todo para a próxima temporada. Do jeito que está a competição não tem como continuar. Será que um Estadual com mais equipes, podendo ser elas até como convidadas de outros Estados, não poderia agregar ao nível técnico e tático da competição? E até equipes formadas por jovens valores que já atuaram em edições da LDB poderia ser bem interessante no amadurecimento e evolução desses profissionais pensando na sua carreira futura.
O impasse da DAZN no começo do Estadual
Uma semana antes do inicio do torneio, os clubes envolvidos chegaram a celebrar a transmissão da competição pela plataforma da DAZN. Mas no dia de estreia da DAZN no clássico entre Botafogo e Flamengo, o entusiasmo pela transmissão se transformou em desistência e frustração. Em comunicado divulgado foi informado que tanto a Federação e os clubes acabaram não chegando em acordo com a DAZN para a transmissão das partidas.
Uma pena. O esporte mais uma vez perdendo uma excelente oportunidade de se promover em um país tão massificado por uma monocultura esportiva. E quando se tem uma iniciativa como essa e ela é jogada fora, não é só o basquete que você acaba por desprestigiar. Também são os patrocinadores que dão seu apoio seja através de placas de publicidade ou na própria camisa do time e também você acaba desperdiçando a oportunidade de ter mais torcedores de ouros Estados acompanharem seu time do coração e outra modalidade que não seja o futebol.
Não entraremos no mérito de quem foi o responsável pela desistência da DAZN na competição. Mas fica a reflexão para uma próxima edição, o quanto a organização do Estadual trabalha para a valorização do esporte junto as mídias tradicionais, ou seja, a imprensa como um todo. Os clubes na medida do possível até tentam fazer sua parte, mas o que a Federação faz não poderia ser melhor?
A FBERJ com problemas financeiros e sua comunicação direta com o fã de basquete ainda é ruim
Todos são cientes da atual condição financeira que atravessa a Federação de Basquete do Rio de Janeiro, mas como o fã de basquete e imprensa sobre para ter informações e estatísticas dos jogos e jogadores seja do Estadual Adulto e das categorias de base. O site oficial da Federação falta muita clareza e melhor muito a acessibilidade a esses tipos de informações.
A FBERJ tem tentado usar suas redes sociais para a divulgação de fotos e algumas informações sobre a categoria de base e adulta – como a publicação de fotos e estatísticas. Mas o site oficial que sempre será principal fonte direta de informação merecia uma atenção melhor e uma atualização.
E não falando somente da comunicação, a FBERJ para tentar até a participação de mais clubes na próxima edição do Estadual deveria repensar nas taxas que são cobradas no Estadual. Como exemplo a taxa de 1500 reais por arbitragem (valor que chega a ser superior ao cobrado por algumas competições organizadas pela LNB) por jogo é um valor muito alto e que acaba inibindo até mais clubes de jogarem o torneio. Se a situação financeira da FBERJ não permite uma taxa menor, que se tente buscar patrocínios que possam reduzir esse valor e tornar a competição mais atrativa para outros clubes.
Um Estado que tem o maior campeão brasileiro do século 21 merecia ter um Campeonato Estadual mais qualificado e maior. E quando você constata que outros Estados conseguem promover uma competição melhor organizada e com mais clubes, como o do Paraná, isso deveria servir ainda mais de estimulo e uma reflexão profunda sobre quais aspectos são necessários
Sobre a confusão externa no jogo decisivo do Estadual até o presente momento dessa matéria, a FBERJ não emitiu nenhuma nota seja de repúdio ou lamentando os fatos ocorridos do lado de fora do ginásio. Assumir sua parcela de culpa é um grande passo para que novos incidentes como esse não voltem a se repetir e principalmente você passa a ganhar o respeito do torcedor que costuma ir aos jogos da competição, mostrando que você está sim preocupado com tudo que gira em torno da realização dos jogos.
Legado olímpico esquecido durante a competição estadual
As Arenas do Parque Olímpico na Barra da Tijuca não foram utilizadas em nenhum jogo do Estadual dessa temporada. Muito em razão de não ter um plano diretor bem definido, como também a inviabilidade de datas para os jogos em razão de outro evento já marcado para esses ginásios como a Game XP.
Além desses ginásios poderíamos citar o Maracanãzinho e a Arena de Deodoro que também não abrigou nenhuma partida e nem a própria decisão do Estadual. Fica a reflexão da necessidade de não esquecer essas estruturas na próxima edição da competição e talvez a melhor solução seria promover a final do Estadual em alguns desses ginásios.
Usar uma data para a valorização do esporte da bola laranja no Estado, conseguir aliar tanto o jogo em si, quanto um entretenimento maior para todos os torcedores. O Rio de Janeiro não merece ver um Estadual da forma que está, precisa mostrar toda sua vocação de se reinventar e trazer novamente a modalidade para cada vez mais torcedores. Quando perdemos a chance de aproveitar o uso do esporte como ferramenta para mudar um pouco a realidade do nosso Estado, não é somente as pessoas envolvidas no esporte que perdem, mas sim todos.
