Além do garrafão – A conquista do Mundial por diferentes gerações

O blog Garrafão Rubro-negro continua a celebração da conquista dos 5 anos do Mundial conquistado diante do Maccabi Tel Aviv, de Israel. Hoje, o blog apresenta a coluna “Além do Garrafão” sobre o que seria a história entre neto e avô que assistiu tanto a conquista mundial do futebol e depois de 33 anos teria a oportunidade de ver o seu time do coração pintar o mundo de preto e vermelho no basquete.

13 de dezembro de 1981. O jogo era muito tarde para uma criança de apenas 7 anos, mas o avó fez questão de mante-lo acordado. Afinal o pior já tinha passado. Depois de uma batalha campal pela final da Libertadores o Flamengo ia se preocupar somente em jogar e não com canelas destruídas pelos Chilenos do Cobreloa. E com 20 minutos de jogo o Ala já vencia por 2 a 0. A felicidade do avó só não foi maior do que ver o neto acordado até tarde para ver até o final da maior conquista do Fla.

33 anos e o tempo passou para aquela pequena criança de 7 anos. Casado, com seus próprios filhos. O avó ficou pelo caminho da vida. A paixão pelo rubro-negro passou pelas gerações e chegou o momento daquele menino de 1981 ter a mesma experiencia com seu filho. Ingresso comprado para os dois jogos na HSBC Arena. Fila 313. Lá no alto. Muito alto mesmo. Jogo na sexta-feira as 21:30. Bem estranho. Chovia do lado de fora. Não estava muito cheio. Começa o jogo e o Fla parecia nervoso. Um som altíssimo prejudicava os cantos da torcida e assim como o time a torcida não engatava. O americano Derrick Caracter foi o escolhido da noite para Cristo. O Americano entrava em uma furada espetacular. Veio para o campeonato e parecia fora de forma para jogos tão importantes. No final daquela sexta chuvosa derrota 69 a 66. Flamengo para ganhar precisava ganhar por uma diferença de 4 pontos. “Pai, será que vai dar?” Perguntou o filho para o pai. “Filho, se não for sem emoção, não é título do Flamengo”.

Tudo certo para domingo! Iriamos cedo para a Arena para pegar bons lugares e ver o Flamengo ser campeão. Alto lá. O filho recém-nascido, irmão do mais velho, não estava bem, com febre. Nada de jogo para os dois. “Mas você não está entendendo como este jogo é importante! Será uma experiencia única. ” disse o pai. “Ta bom, se o menor melhorar voces podem ir”. E nada do menino melhorar. Com os ingressos em uma mão e uma criança de alguns meses com 40 graus de febre na outra, o pai se conformou em ver o jogo em casa. “Meu avó nunca me perdoaria se eu não ver este jogo”. Mando mensagem para amigos torcedores e da imprensa que já estão na área. Os relatos são impressionantes. Torcida compareceu em peso, nada de música da FIBA e a certeza de um título. Os 3, pai, filho e o neném, se sentam na frente da TV. “SEM SOM PARA NÃO ACORDAR ELE”  diz a mãe. Neste ponto o Pai não se aguenta e fala “SE NEM SOM VAI TER EU VOU EMBORA”. Alguns segundos depois e acerto de um volume apropriado sentamos para ver o jogo. E o Flamengo veio para o jogo. E veio com tudo. Quando José Neto coloca Vitor Benite para marcar o endiabrado Jeremy Pargo o pai não aguenta e começa a proferir palavras que fazem a mãe aparecer na sala com cara de assustada. Mas para felicidade de todos Benite tem uma atuação antológica parando Pargo. Nico Laprovitolla costurava a defesa adversária como uma faca quente na manteiga, Jerome “Grandão” Meyinsse era decisivo no garrafão com suas enterradas que incendiavam a torcida, Olivinha como sempre o “Deus da raça” com seus 9 pontos e 5 rebotes. E o final foi chegando e a sensação de que o campeonato estava chegando era paupável. O pai já nem sabia se era ele com febre já que suava mais que o recem-nascido febril. O filho mais velho roia as unhas. Hábito que o pai detestava mas entendia o momento. Começa o quarto período e o Fla 11 pontos na frente. Naquele momento o pai/neto entendeu a sensação do avó quando o Fla fez 2 x 0 no Liverpool em 1981. E a sensação era uma mistura de alivio, euforia e felicidade porque nada, absolutamente nada, poderia tirar o titulo do Flamengo. O Pai/Neto virou para o filho mais velho e falou “Não se preocupe. Seremos campeões.”. Na rua gritos de “Mengo” como se fosse uma decisão do futebol. Quando Derrick Caracter, o Cristo da sexta, enterra e sacramenta a vitoria Rubro-Negra um turbilhão de fogos, gritos e abraços parecem ser a senha para que a torcida do Fla tome a quadra para comemorar com seus herois. Danielzinho, Chupeta, Felicio, Gege, Caracter, Herrmann, Benite, Laprovittola, Meyinsse, Marquinhos, Olivinha e Marcelinho mereciam ser abraçados por todos mesmo. Jose Neto merecia todas as glórias que o momento trouxe.

A catarse até assusta um pouco o filho recém-nascido mas não muito. O mais filho parece em choque ainda. Não consegue processar tanta coisa. E o pai/neto lembra do avô. Do avô rubro-negro com seu uniforme de bocha também rubro-negro e sua paixão pelo Fla. Paixão não se força a ninguém. Paixão se ensina com derrotas doídas e vitórias antológicas. Ainda bem que pude proporcionar aos meus filhos através da mais analógicas das vitórias do Fla Basquete. Valeu Vô.

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