Desde a paralisação do basquete em março até sua retomada no final de julho, a pergunta que ficou para todos como seriam as medidas para minimizar a possibilidade de contagio ao novo coronavírus – o Covid-19. O Garrafão Rubro-Negro apresentou matérias sobre os protocolos apresentados tanto pela FBERJ, FIBA e LNB visando o retorno na medida do possível mais seguro para todos os envolvidos na modalidade. Hoje, chegou o momento de uma análise mais ampla e propositiva sobre o tema pelo site. Afinal poderemos dizer que existe de fato um protocolo de segurança em relação a Covid-19? Ou existe na real é uma questão de consciência individual necessária e empatia para não pensar somente em si, mas sim num coletivo maior?
A possibilidade de contágio ao coronavírus e qualquer protocolo proposto pelas entidades podendo ser facilmente violado
Qualquer individuo pode ter o máximo dos cuidados preventivos para tentar evitar o contágio pelo novo coronavírus – desde o uso de máscaras, álcool em gel, evitando aglomerações e mantendo uma distância segura em ambientes como supermercados, academias, bares e restaurantes – mas nem por isso ele está 100 % livre do contágio. Falar que voltar a prática do basquete nesse atual momento de pandemia o risco seria próximo do zero é algo surreal, uma mentira.
Essa pessoa pode acabar sendo contaminada por um simples descuido ao receber ume encomenda de delivery em casa ou acabar tendo o contato com algum familiar que resida na sua residência que não seguiu alguma medida preventiva e acabou trazendo o vírus para dentro daquela residência.
Ou seja, a pessoa envolvida diretamente no basquete tem todos os riscos citados acima. Pode ter tido o máximo do cuidado, mas acabou mesmo assim sendo contaminado. Como? Quem passou o vírus? Impossível saber e tem 100 % de certeza. E até salutar que muitos desses atletas em seus momentos livres, às vezes, tem a necessidade de irem a supermercados, farmácias e outros ambientes comerciais para buscar itens essenciais para familiares que são do grupo de risco.
O isolamento social, o ficar em casa, claro que para todo mundo já existe um grande desgaste, e para jovens atletas e até os mais experientes acaba sendo uma luta diária de continuar seguindo as regras. Mas ainda é necessário a manutenção dessas medidas contra a Covid-19 até a vacinação virar realidade. A Covid-19 requer muito mais uma questão de consciência coletiva do que o individual, o que um ato isolado e impensável de uma pessoa pode se tornar um problema para o outro, um desconhecido, um amigo, um familiar? Tudo tem que ser colocado na balança nesse atual momento.
Se uma pessoa que está envolvida no basquete, quebra um item de segurança, todos acabam ficando expostos ao vírus, com isso não há protocolo que possa se dizer 100 % seguro em competição nenhuma.
O Flamengo e os casos de contaminação pela Covid-19 no basquete
Os casos confirmados e que acabaram podendo ser divulgados de contaminação dentro do basquete do Flamengo nesse momento é de 5 pessoas. Entre esses cinco estão 4 jogadores – Pedro Nunes, Jhonatan Luz, Marquinhos e Léo Demétrio – e também o preparador físico Bruno Nicolaci. E a Covid-19 acaba por prejudicar o andamento da temporada rubro-negra, atrapalhando a realização de treinos com o elenco completo e a possibilidade de um entrosamento maior a curto e médio prazo.
Fica a informação que todos os citados estão se recuperando bem da Covid-19 e não tiveram nenhum sintoma que pode ser considerado grave para os especialistas.
Periodo de confirmação da Covid-19 e até quando um contaminado não transmite mais o coronavírus
Uma doença que a cada dia traz mais novidades a todos os especialistas. Uma das principais dúvidas no inicio era qual o período que um teste detectaria se a pessoa teve ou não o coronavírus. Vamos dar um exemplo para explicar o que foi descoberto.
Supondo que uma pessoa teve contato com uma pessoa contaminada no sábado. Não adianta essa pessoa sair correndo e fazer qualquer teste de Covid-19 seja sorológico,PCR e teste rápido para detectar a doença no domingo ou na segunda. O recomendado pela OMS é que o teste seja realizado cinco dias após esse contato para confirmar se houve ou não a transmissão do vírus.
Sobre uma pessoa contaminada até quantos dias ela pode transmitir o vírus? A OMS divulgou nos últimos meses que a partir do sétimo ao décimo dia de contaminação, as pessoas de sintomas leves e assintomáticas, teriam uma chance bem pequena de transmissão do vírus para novas pessoas. E partindo dessa base, Ligas e Federações autorizaram o retorno de atletas contaminados as modalidades após 10 dias deles terem tido o contato direto com o coronavírus.
Divulgação do teste positivo – a importância do ídolo e referência no esporte na conscientização da Covid-19
Evidentemente que toda pessoa contaminada pelo coronavírus não é obrigada a divulgar publicamente que está com a doença. Mas se tratando de esporte, quando você tem o papel importante dos ídolos sejam eles, atletas ou técnicos, a divulgação acaba tendo um fator muito fundamental nesse momento de pandemia – a conscientização maior de quem lhe admira.
Um atleta ou técnico contaminado pela Covid-19 pode ascender o alerta daquele fã que acabou por relaxar suas medidas de segurança para a doença. Ou se um jovem que participou como menino do “rodo” de uma partida de basquete ou um segurança que teve um contato até mais próximo com aquele jogador ou técnico contaminado acaba ligando um alerta maior de redobrar os seus cuidados para evitar um contágio maior da doença.
Informação de quem é referência no esporte sobre esse assunto não pode ser visto como uma grande invasão da sua privacidade, teria que ser visto como uma forma de conscientização, respeito e empatia ao seu próximo.
A necessidade econômica pela retomada do basquete dentro do Brasil
Diferente do que ocorre nas grandes ligas da Europa e da NBA, a realidade da maioria dos clubes e dos atletas brasileiros é ter um salário não tão grande por boa parte dos jogadores e esse valor acabar sendo utilizado pelo jogador não somente para o seu sustento próprio, mas também para ajudar outros familiares mais próximos.
E se entende e compreende a necessidade desses jogadores em quererem voltar a jogar ainda nesse momento de pandemia, mesmo sofrendo riscos, pois o que foi proposto pelo governo através do auxilio emergencial nem todos teriam acesso e nem todos os familiares desses jogadores acabaram tendo o seu beneficio aprovados.
Acertos e erros dos protocolos praticados pela FBERJ, FIBA e LNB
FBERJ
Acertos
– Testagem rápida e PCR em todos os envolvidos antes do inicio da competição, incluindo imprensa.
– Disponibilidade de álcool em gel dentro do ginásio para os envolvidos na competição.
Erros
– Com a testagem PCR sendo realizada na quinta-feira e o torneio tendo seu inicio na segunda. Qualquer pessoa que teve contato com uma pessoa contaminada na sexta, sábado ou domingo, teria uma grande chance de fazer a cobertura dos jogos ou jogar contaminado na competição. Já que o vírus para se manifestar no teste seria a partir de quarta-feira e o torneio foi concluído no domingo.
– Pessoas da área médica que estavam e estão na linha de frente que acabaram jogando o Estadual. Vale frisar que não há de forma nenhuma um preconceito sobre uma pessoa da área medica ser jogador de basquete numa hora vaga, mas nesse momento de pandemia, quando você tem um contato quase direto com o vírus, deveria ser levado em consideração a precaução.
FIBA
Acertos
– A bolha tanto em Buenos Aires e no Uruguai se mostrou ser um sucesso no curto prazo que foi concluída a competição.
– Times argentinos e o Flamengo foram testados através do PCR e não tiveram casos de confirmação de Covid-19 nesse período.
– Equipe de comunicação, logística, planejamento bem reduzida dentro das Arenas para evitar o máximo a possibilidade de um contágio pela doença.
LNB
Acertos
– A obrigatoriedade dos testes para os times que estão disputando a competição que no primeiro turno está sendo realizado em sedes.
– A atualização semanal do protocolo proposto para a competição e o monitoramento dos casos de Covid-19 nas cidades que serão sedes do torneio. Seja essa atualização trazendo pontos positivos para minimizar a doença e outros que possam ser questionáveis nesse momento ainda de pandemia.
Erros
– O formato da competição do turno poderia ser bem melhor e evitar um risco maior a todos os envolvidos. O formato é semelhante ao da LDB, mas com uma diferença, o intervalo de um a dois dias para a realização dos jogos. Na LDB, os times em boa parte fazem jogos seguidos, assim como ocorrem na Liga Sul-Americana organizada pela Consubasquet. A partir do momento que você faz esse intervalo de jogos nas sedes, o período de um clube numa sede pode variar de 5 a 7 dias. Sendo que como explicado nessa matéria, a partir do 5 dia, se um envolvido no jogo, teve contato com alguém contaminado, poderá transmitir a doença para outra pessoa em quadra e o risco de ocorrer um efeito dominó de contaminação pode ser real. E quando se faz essa critica, sabemos que essa decisão do formato foi tomada em conjunto pelos clubes, atletas, CBC e o pessoal de planejamento da própria LNB. O erro são de todos.
– Se comenta muito nos bastidores, que os hotéis utilizados pelas equipes são pequenos e isso em vista os recursos disponibilizados pelo CBC a cada clube. Sempre fica a torcida para que toda a limpeza e os protocolos de segurança sejam seguidos a risca nesses hotéis e o lado ruim de ser um hotel pequeno é que os times por não ter um serviço de alimentação no local, acabam sendo obrigados a saírem para algum lugar para fazer a sua alimentação, ou seja, sempre terá o risco do contato com a Covid-19. Um cenário semelhante ocorreu na Argentina recentemente, que acabou ocasionando um surto de contaminação pela Covid-19 e a competição acabou sendo paralisada pela Liga para ser revisto os protocolos aplicados.
– A LNB sempre busca passar a imagem que está preocupada com todos os produtores de conteúdo, jornalistas, ou seja, a imprensa, no geral. A imprensa em nenhuma sede está sendo obrigada a apresentar testes sobre a Covid-19, o que prevalece é a consciência de cada profissional sobre a sua atitude dentro do ginásio e fora dele. A LNB deveria tentar buscar parcerias que pudessem viabilizar ao menos o teste rápido para os jornalistas nas sedes. Não é 100 % eficaz esse teste, mas poderia proporcionar de fato uma competição um pouco mais segura. Não queremos dizer que deveria existir essa obrigatoriedade de fato do teste, mas caso ele fosse exigido ou a Liga oferecesse seria um grande diferencial a outras ligas esportivas do Brasil.
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